
| Brasil | Trabalhadores da Mabe Hortolândia desocupam fábrica, após ação da PM

Resistência do movimento continua do lado de fora da empresa
Na tarde deste domingo (3), os trabalhadores da Mabe Hortolândia, que ocupavam a fábrica desde o dia 15 de fevereiro, foram surpreendidos com a ordem de reintegração de posse emitida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). Além da PM, a empresa colocou cerca de 50 seguranças privados dentro da fábrica, após a desocupação.
Essa operação da polícia militar tinha orientação na decisão do juiz Eduardo Bigolin de usar a força policial caso os trabalhadores resistissem. Não tendo tempo de reação, os operários saíram de maneira pacifica. Apesar da truculência policial, esses trabalhadores mantêm o acampamento do lado de fora.
A fábrica de Hortolândia foi ocupada após a empresa abrir falência e não pagar os direitos trabalhistas dos funcionários. Até agora, esses operários só receberam o FGTS e o seguro desemprego. O dinheiro referente às férias, PLR, e rescisões trabalhistas não foi pago e não há sequer previsão. Cerca de 2 mil trabalhadores estão nesta situação.
Entre esses operários está Gelson Coelho, que trabalhou 12 anos na empresa e não se conforma em ser demitido sem direito a nada e a empresa sair impune. Com dois filhos e uma companheira – que não está trabalhando – sobrevive com a ajuda de amigos e parentes. “A empresa abriu falência, com a alegação de crise, mas depois desse golpe que eles deram na gente, estão abrindo outro CNPJ para continuar ganhando em cima da nossa exploração”, disse o operário durante uma manifestação desses trabalhadores, realizada no dia 3 de março.
A Mabe está sob administração jurídica e há indícios que a empresa reabra com um novo CNPJ. No entanto, não há garantia de que esses trabalhadores sejam recontratados.
Para o dirigente da CSP-Conlutas, Central Sindical e Popular que compõe a Rede Sindical de Solidariedade e Lutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é preciso cobrir de solidariedade esses trabalhadores. “A empresa ao invés de dialogar com os trabalhadores e pagar o que deve, age com truculência com o aval da justiça e omissão dos governos municipal e estadual. Os trabalhadores ocuparam a fábrica em protesto contra o não pagamento de seus direitos. A Mabe quer dar calote nos trabalhadores e usa como artifício para isso a abertura de falência. É preciso cobrir de solidariedade esses trabalhadores e exigir dos governos e da empresa o pagamento dos direitos trabalhistas dos operários da Mabe”, salientou.
Confira a nota de apoio aos trabalhadores da Mabe :
Saiba mais no site da CSP-Conlutas.